Sábado, 5 mar 2022 - 10h03
Por Maria Clara Machado
Um iceberg está quase parado por vinte anos perto da Geleira de Thwaites, no Mar de Amundsen, na Antártida. Foi o que revelaram as imagens de satélite divulgadas recentemente pela Agência Espacial Norte Americana (NASA). O iceberg B-22 andou apenas 100 quilômetros em duas décadas, mas vários pedaços menores estão se soltando.
Detalhe do iceberg B22 após 20 anos do seu nascimento a partir da Geleira de Thwaites, na Antártida Ocidental. Crédito: NASA Os icebergs do continente antártico já surpreenderam os cientistas em suas jornadas. Alguns resistem por milhares de quilômetros enfrentando diferentes correntes marítimas e águas mais quentes à medida que se afastam do seu local de nascimento. O gigante A-68, que chegou a ganhar o título de maior iceberg do mundo em 2017 com quase 6 quilômetros quadrados de extensão, se partiu gerando o A-68A, que por sua vez, percorreu cerca de 4 mil quilômetros em mar aberto do norte da Antártida até se aproximar da Geórgia do Sul no final de 2020. Só nos próximos meses acabou se desintegrando em vários pedaços próximos à Ilha. A história curiosa do A68 possibilitou os cientistas avançarem nos estudos sobre a construção das plataformas de gelo e o nascimento dos icebergs.
Imagens adquiridas pelo satélite Terra da NASA mostram em cor natural o iceberg originalmente quando se partiu da língua de gelo flutuante da Geleira de Thwaites, uma das maiores da Antártida Ocidental, e foco dos pesquisadores, em março de 2002 e posteriormente em fevereiro de 2022. Imagem de satélite mostra o iceberg B22 no dia 6 de março de 2002 e a fenda de ruptura na Gelereira de Thwaites, na Antártida. Crédito: NASA Na primeira imagem é possível ver a grande fenda marcada de onde o iceberg B-22 se desprendeu. Quando nasceu tinha 85 quilômetros de comprimento e 64 quilômetros de largura, ou seja, quase 5.500 quilômetros quadrados de extensão, mais que o triplo da cidade de São Paulo. Imagem de satélite mostra o bloco de gelo renomenado como B22A formado a partir do iceberg B22, ainda muito perto da região em fevereiro de 2022. Crédito: NASA Alguns blocos com tamanhos consideráveis se soltaram do B-22 e o principal foi renomeado como B-22A. A massa de gelo resiste perto de casa e está atualmente com cerca de 3 mil quilômetros quadrados como é visível na segunda imagem da NASA.
Localização Mar de Amundsen, onde está a Gelereira de Thwaites, umas das maiores da Antártida Ocidental. Crédito: Wikipedia/Wikimedia Os cientistas explicam que o iceberg encalhado tem um papel muito importante na estabilização do gelo marinho daquela região. O grande bloco B-22A ajuda a apoiar a língua de gelo da Geleira de Thwaites e a plataforma, diminuindo o fluxo de gelo em direção ao mar. Embora o B-22A permaneça aterrado, muitas transformações ocorreram em vinte anos. As fraturas continuam acontecendo, mas os icebergs que agora se quebram de Thwaites não são grandes o suficiente para serem nomeados e rastreados pelos Centro Nacional de Gelo dos Estados Unidos, explicam os pesquisadores. A geleira está constantemente produzindo muitos pequenos pedaços quebrados e tudo vem sendo acompanhado pelas imagens de satélite. Também vários icebergs menores se rompem agora da plataforma de gelo Crosson e são visíveis na imagem do último dia 22 de fevereiro. A grande preocupação dos cientistas e pesquisadores é que desabamentos, desprendimentos ou até um colapso da Geleira de Thwaites possa num futuro não muito distante abrir caminho para grandes camadas de gelo da Antártida Ocidental em direção ao mar. |
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